Enfermagem da Alegria- EA
Toc toc alguém nos deixa entrar?
Nem sempre a turminha do Enfermagem da alegria são queridos a primeira vista ,naquele dia,precisamos ir além do rosto pintado do palhaço pra fazer o pequeno paciente acreditar que por trás daquele nariz havia um ser humano que as vezes se desesperava por ter medo de algo, e como nem tudo é fácil ,é preciso persistir e achar,ao menos,uma brecha no meio daquele medo,manha ou outro sentimento de vulnerabilidade de uma criança,por exemplo para a transformação crescer.
Naquela noite de quinta feira o pequeno não estava tão contente para brincar conosco depois de termos tido a permissão para entrar na enfermaria e de ter nos olhado três vezes. A sua mãe, forte e porto seguro estava lá aguardando a aceitação do seu pequeno e as outras crianças esperavam, ávidas, a vez da brincadeira acontecer . É sempre comum ,ao vermos uma reação de medo de uma criança ,acreditamos que não é conveniente nossa presença e partirmos. Nessas situações me pego pensando que sair,desistir,é o caminho mais fácil e previsível . As vezes claro que não dá pra seguir ,noutras tem sempre uma chance. E talvez acreditamos sempre na outra chance. É que o nosso desejo por dentro e fora da pintura que usamos é de ir além do encontro só porque tem choro . Isso é um desafio,um risco,um abismo cheio de possibilidades .E foi sem medo de partir o fio e percebendo que aquele medo era porque ele acreditava que por trás daquela máscara não havia um ser gente,um humano feito ela,que decidi ir além . Enquanto a razão pedia para sair,ir embora,a emoção pedia que arriscasse atravessar o limiar.Assim foi que,ao lado de sua mãe retiramos o nariz vermelho de palhaço que somos. E eis que a fonte secou e o olho brilhou, mas sem rir. Ela se viu no espelho dos nossos olhos e reconheceu uma criança mais adulta que ela ,e que sabia e queria brincar mesmo de jaleco colorido. E assim saímos ,sem mais som nenhum de choro ,o olhar esbugalhado de medo ,brilhava acompanhando nossas ações e brincadeiras com as outras crianças da enfermaria. Essa foi uma quinta aonde a persistência é a cura de olhares amedrontados que somos o sorriso,o alívio e o melhor remédio.
Bjokas de PIRUQUINHA linda e maravilhosa!